quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Tripóteses

Sou sujeito tripartido.
Manhã, tarde, noite.
Dia, mês, ano.
Passado, presente, futuro.
Penso, falo, minto:
Pai, filho, espírito - sinto.


Lanço a teoria tripotética  -
 tripúdio/repúdio/patética




tudo são tripóteses que reavalio continuamente

Sabes

Sabes que és capaz.
Renova tuas energias ao fim de cada dia.
Descansa ao som doce
de músicos de jazz.

Fuma teu último cigarro,
em momento de paz.

Recorda.
Cria para ti mesmo novas
expectativas de um novo dia concreto.

Enfim, perpetua-te em dias que não sejam vãos.

Criar,
deveria ser o primeiro mandamento do homem.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Tributo aos anjos

Já há algum tempo venho pensando em escrever um texto que pudesse enaltecer os anjos que me guiaram até aqui. Não tem sido nada fácil a caminhada e parece que este último ano foi uma prova de fogo. Deus olhou pra mim e disse: - "filha, você também vai ser gouche na vida. As câmeras do céu voltar-se-ão para cada gesto, cada palavra, cada pensamento seu. Te cuida e fim de papo".

Foi uma grande catástrofe. O céu parou de me sorrir. Pesadas nuvens me perseguiram. Pestes me atacaram. Lufadas de gafanhotos me assolaram por completo. Várias vezes eu caí, várias vezes eu me levantei. Até sem forças eu me levantei. Até mesmo sem ânimo e sem alma eu me levantei. Cansada eu me levantei, doente eu me levantei, triste e sem amor eu me levantei.

Quando tudo passou (passou?) eu me perguntei: qual o mistério da vida? o que me faz sorrir de novo? qual o segredo por trás do segredo? Foi então que comecei a perceber a existência deles, digo, de vocês, os anjos do último ano...que não são aqueles conhecidos das igrejas e das folhinhas. São seres de luz que nos envolvem, sem sabermos porque, como, para que. Anjos que nos acariciam sem sabermos que a cada instante, a cada fração de segundo, basta um simples gesto, um simples olhar, um sorriso, uma monocórdica palavra para salvar um minuto, uma hora, uma vida e um ano de existência.

Pois bem, agradeço aos anjos do último ano que me guardam, mesmo sem saber:

  • A moça da padaria, quando sorri ao dar o troco
  • A mulher da banca, ao dar bom dia
  • O trocador do ônibus, bem-humorado
  • O rapaz que vende frangos e me cumprimenta
  • A faxineira do prédio, que limpa minhas pegadas e dá sua risada
  • O homem das plantas, que nota que eu estou sumida
  • A professora, que me diz que eu vou longe
  • A psicóloga, que dá nós em vez de tirá-los
  • O médico, que me escuta
  • Um ou outro amigo que bate à minha porta
  • O pai, que como ao filho pródigo me recebe sempre
  • O filho, para quem não temos idade nem corpo, somos etéreos
  • A mãe, eterna mãe, maria absoluta, pronta para acolher