sábado, 12 de janeiro de 2013

Caminho reto

Sempre vivi mais lusitana que italiana.
Contudo, minha alma italiana é quem manda em mim.
Sendo assim, falo alto e choro.
Desde sempre.
Brigo e me derreto.
E choro com canções bobas, que me encontram em momentos "di una vera mamma".
Sou eu, entranhada de cebolas, fazendo o almoço.
Chorando.
Pensando no sentido da vida, enquanto preparo um simples almoço de domingo para três.
Mas sinto falta da mesa farta, da casa cheia, das vozes altas, dos homens na cozinha atrapalhando o almoço, levantando as tampas das panelas.
Meu avô, meu pai, meus tios, meus primos, meu marido.
São saudades antigas, que não vou proporcionar aos meus filhos.
Então, me penso igualzinha às minhas avós.
Só que naquela época, sim, a casa era cheia.
Ninguém tinha tempo para escrever enquanto cozinhava!
Apenas sentia.
E elas seguiam fazendo leitões, perus, carneiros.
A casa cheirava bem.
Cheirava a amor.
As festas de Natal duravam dias inteiros.
Um almoço terminava à noite.
E uma existência não era vazia...
Sou uma pessoa de bem e gosto de me sentir assim.
O problema é que eu sofro.
Mas problema meu, se sofro, se choro, se por vezes me sinto triste.
Então, passa.
Sigo em frente.
E sigo esse meu caminho sozinha já há tanto tempo mesmo...
Vou.
Sou.
Mesmo com um caminho duro, pesado.
Eu caminho.
E minha essência é essa.