É como me sinto.
Vasculhando minhas memórias e redes sociais, dou de cara com lembranças de frases, lugares, momentos de décadas que eu achava que não voltariam mais. Voltaram. Novamente tive vontade de rever Portugal, parentes e amigos. De beber da mesma taça mensal do Miradouro de Santa Justa, no Bairro Alto, a comemorar o recebimento da bolsa de estudante...
"Você me ama?" - "Sim, mas não vou te buscar um copo d'água".
E por mais que eu tenha viajado pelos meus mares nunca d'antes navegados, a surpresa e o maravilhamento do novo são interrompidos pelas minhas lágrimas de saudades. Deus me fez de peixes para chorar pela última vez. Mas só que nesta vida toda.Onde estão minhas alegrias e meus prazeres? Eu não aguento mais tantas dores, sofrimentos calados, tristezas pequenas, comezinhas, de coisas sem importância. Fico me perguntando porque vejo e sinto? Queria passar incólume pelas coisas, queria que nada me fizesse sentido, queria não conhecer o sabor da mágoa.
Queria não sentir saudades. Queria não sentir raiva. Queria não sentir mágoa.
Prosadora e prosaica, venho repetindo de mim aquilo mesmo que quis mudar... e por isso não consegui. Ser o mesmo mudando? Mudar sendo o mesmo? Impossível. É uma conta que não bate, que não fecha no fim do mês.
Prosaica e prosadora, eu de mim para mim mesma. Quero me guardar mas necessito me mostrar. Mas quem necessita saber quem sou? Apenas eu mesma. Eu comigo. Eu por mim.