Abri os olhos mesmo deitada e fiquei tentando cantarolar. Ainda demorou um pouco, mas acho que mais por causa da sonolência, que pelo esquecimento.
"Numa tarde quente
Num dia de verão
Um visionário louco
Fez um sonho em vão
E você partiu
Para nunca mais voltar
E quando eu olhar
Para o céu eu vou lembrar
De um visionário louco
e sua asa-delta
Meu homem-sagitário"
Essa era uma canção que significou muito pra mim nos meus treze ou quatorze anos. Essa e várias outras que falavam de sonhos libertários, bem típicos da adolescência. Mas não me lembro ao certo se aprendi essa música com a Fanny, com a Helô ou com a Patty... o que me lembro é que nessa ocasião todas convivíamos muito. Foi a melhor época, a do colégio, quando não tínhamos preocupação nenhuma, apenas sonhos libertários e namorados-sagitários...
Pois bem, estou sempre falando do meu baú de amigos, dos planos de rever os amigos, e me parece que eles estão chegando pra mim. Um pequeno evento começou a ser esboçado, gestado com muito carinho. Um encontro dos colegas do CRM - Colégio Regina Mundi.
Eu não sei explicar, mas sinto como se estivesse num filme do Spilberg, voltando no tempo... eu me esqueço da minha idade (trinta anos se passaram!!) e me sinto realmente com aqueles catorze anos, na oitava série... e mesmo com toda a dor e a angústia sentida - afinal, quem já foi adolescente sabe!! - eu me sinto leve.
Eu me sinto rodeada de amigos, de colegas engraçadinhos prontos a contar umas piadinhas no meio da sala, eu me sinto naquela vibração.
Naquela época, eu não ficava fazendo planos de ter amigos pra sempre, de manter o contato pra sempre. Quem faz isso?? Tanto é que perdemos o contato. Todos. Por muito tempo. É claro que sempre ficamos mais próximos de um ou de outro, mas cada um seguiu o seu caminho.
Mas trinta anos se passaram. Alguém se deu conta disso? E hoje, eu me sinto mais próxima do que antes... e parece que o sentimento é o mesmo. Parece que, a cada palavra, recordamos os motivos de porque nos tornamos amigos. Reencontramos uma identidade, mesmo a distância. E foi um pequeno recadinho que recebi que me fez lembrar dessa canção.
Eu estou muito feliz. Por enquanto, apenas virtualmente. Mas espero concretizar logo esse encontro.
Na nossa vida de adultos, carregamos muito peso. Nossa rotina é muito árdua. O redemoinho do cotidiano é implacável como um furacão. Acho que por isso a ideia desse reencontro tem sido tão agradável, pois sei que vai trazer leveza, alegria, uma vibração boa, positiva.
Vamos lá, galera, esse encontro sai ou não sai??????????