Estive ausente nos últimos dias.
Assim como acontecem as constipações de outono, a fraqueza me pegou em cheio. E, como era de se esperar, a quem quer que seja e que esteja com baixa imunidade. O fato é: minha alma partiu-se em mil. Estive doente de alma.
Quis chorar: não consegui. Quis gritar: encabulei. Quis pedir socorro: fraquejei.
Segui, então, na minha vidinha rotineira, sendo grata pelo sol que ilumina minhas manhãs; por eu saber fazer uma xícara de café; por ver que minha orquídea dará a segunda florada; por escutar pássaros no jardim...
Caminhei para frente e olhei para cima, mas na verdade sinto um grande soluçar, uma dor e uma tontura que quase me impedem de prosseguir.
Quero abraçar meus amigos e ser por eles abraçada. Mas como anunciar isso de forma simples? Sem assustar ninguém? Estou tão longe...
Então esperei. O que podia passar, passou. O que devia ficar, ficou.
Percebi que não gosto mais do frio. Que qualquer pedacinho de papel na rua pode evocar lembranças. Que tudo é rápido e demorado ao mesmo tempo - deve ser por isso que uma simples hora tem muito mais que mil segundos...
Sou, sempre fui e sempre farei questão de ser apenas alguém comum. Não me entendam mal. Não digo pra menos, e sim pra mais. Para a mais pura expressão do que é ser simples. Sou mesmo apenas alguém comum. E isso é tudo. É o que me motiva e me desafia.
quarta-feira, 25 de maio de 2011
Carta registrada
Acabei de receber um envelope com letras grandes e redondas marcando o meu nome.
Meu nome inteiro, que rima com as palavras amor de menina, que minha mãe gostava de pronunciar. Só faltava estar escrito "para a senhorita Amor de Menina".
Sim, o envelope era de minha mãe. Carta registrada, enviada pelos Correios. Envelope manuscrito. Quem tem mãe professora sabe como é bonita a letra da mãe da gente. Inigualável e única, como a própria remetente.
Mas esse envelope é muito triste. Marca uma primeira correspondência no singular. Tem uma urgência burocrática e é frio como todos os formulários o são. E eu nem consegui abri-lo ainda, apesar de já saber do seu conteúdo.
No entanto, o tamanho da caligrafia de minha mãe imprime seu amor... seu gesto revela tanta preocupação, tanto zelo, tanta praticidade. Mas o que eu gostaria mesmo é que essa carta me trouxesse os poemas da mãe... que dentro do envelope tivesse um papel perfumado e amarelado com dizeres tais como: quisera dizer-te coisas, que trago no coração...
Mas vou abrir o envelope. Vou assinar os papéis e remetê-los. Sei que isso vai deixá-la mais tranquila, embora ache que é cedo, desnecessário.
Se não soubesse que os papéis iriam diretamente a outro destinatário, dentro colocaria um bilhetinho: "assinado com amor".
Meu nome inteiro, que rima com as palavras amor de menina, que minha mãe gostava de pronunciar. Só faltava estar escrito "para a senhorita Amor de Menina".
Sim, o envelope era de minha mãe. Carta registrada, enviada pelos Correios. Envelope manuscrito. Quem tem mãe professora sabe como é bonita a letra da mãe da gente. Inigualável e única, como a própria remetente.
Mas esse envelope é muito triste. Marca uma primeira correspondência no singular. Tem uma urgência burocrática e é frio como todos os formulários o são. E eu nem consegui abri-lo ainda, apesar de já saber do seu conteúdo.
No entanto, o tamanho da caligrafia de minha mãe imprime seu amor... seu gesto revela tanta preocupação, tanto zelo, tanta praticidade. Mas o que eu gostaria mesmo é que essa carta me trouxesse os poemas da mãe... que dentro do envelope tivesse um papel perfumado e amarelado com dizeres tais como: quisera dizer-te coisas, que trago no coração...
Mas vou abrir o envelope. Vou assinar os papéis e remetê-los. Sei que isso vai deixá-la mais tranquila, embora ache que é cedo, desnecessário.
Se não soubesse que os papéis iriam diretamente a outro destinatário, dentro colocaria um bilhetinho: "assinado com amor".
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