segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Não me venham com estampa de cobra!

Não gosto de estampa de animal, seja ele fera ou bichinho: onça, zebra, tigre, leopardo, cobra, pavão, ursinho, coelhinho, carneirinho, cachorrinho, gatinho. Não sei porque a moda insiste em nos rotular como felinas elegantes, fêmeas animalescas, bestas-feras ladinas ou infantilizadas. A quem se quer enganar? Não vivemos mais nos tempos das cavernas, não nos cobrimos com peles, não precisamos nos aquecer, não vamos nos tornar poderosas por isso. Nem meigas, doces, frágeis.

De todas essas estampas, a que mais me incomoda é a de cobra. Quem se vestiria para se sentir rastejante, sinuosa, sibilante? Quem tem orgulho em ostentar uma segunda pele - que não é a sua - que traz imbuída as maldades traiçoeiras do mundo?

Você veste a cobra e se torna uma. À espreita, se esgueirando, va  ga   ro   sa, pronta para dar o bote, para ferir, para assustar, para matar. E depois se despe. Se desnuda dessa própria pele - esperando uma próxima igualzinha - sem deixar de lado ser como é.

Odeio pele de cobra, estampa de cobra, chocalho de cobra e piadinha de cobra.
Odeio traições.

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