sábado, 21 de janeiro de 2012

A velha estação de trem

Eu já me despedi de alguém numa velha estação de trem.
Europeu. Elitizado.
O trem e o meu amor que partiu.

E eu voltei pra casa sozinha, à noite,
dentro de um sobretudo negro pesado,
mais pesado que as dores da minha alma.

O trem e a gare,
Santa Apolónia,
a estação da qual meu amor partiu.

Voltei para casa a pé, mãos nos bolsos,
cabeça baixa
e a certeza de um fim.

Tão jovem, 18, 19 anos,
andando cabisbaixa na estação de trem.

Naquela época, mal sabia eu quantos amores teria pra me despedir.
Um é sempre único.

Cada um é único.
Princípio e fim de uma história singular.

Tantos anos se passaram
outros novos amores vieram e se foram.

E em cada partida a mesma dor.

O som ao fundo, do apito de trem...

A voz rouca, de músicos de jazz...

O barulho da porta se fechando...

O som das chaves, o molho de chaves, agora reduzido à metade...

A vida transportada em sacolas...

A angústia das palavras não-ditas, malditas...

O coração partido e a eterna vontade de recomeçar.

Um comentário:

  1. E lá pode ser o lugar para início do 'projeto'... rs Tudo o que leio, vejo, cada verso é combustível para esse pensamento: o seu recomeçar e o meu começo por mares nunca...
    Leninha

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