terça-feira, 9 de novembro de 2010

Comprei um par de tênis

Hoje vou começar a correr. Digo, a voar.
A vida toda sempre esperei muito. Muito de mim, muito dos outros.
Sempre fui esperançosa. E continuo.
Mas acontece que esperar cansa.
Então, decidi voar.
Correr.
Ir atrás.
Só que não foi assim fácil, uma ideia pá, pum. Não foi uma decisão certeira, direta, ágil. Ela veio se instalando devagar, veio se esgueirando sorrateiramente para o meu inconsciente até que um dia eu sonhei.
Sonhei que estava numa praia deserta correndo muito, como uma atleta. A areia era dourada e a praia era uma extensa faixa contínua e linear, que ia looooooooge.
A cada pisada na areia, conchas enormes surgiam marcando o meu caminho. Parecia que eram presentes. Porém, mais que presentes do mar, elas eram presença marcante no meu trajeto. A prova de que eu havia merecido cada passada daquelas.
Não acordei cansada, suada ou com sede. Ao contrário, a sensação que tive foi ótima. Revigorante. A vontade que tive foi de levantar e começar a correr naquela hora mesmo. Mas, e a praia? e a areia dourada? De novo, apenas guardei o sonho na gaveta.
Até que essa imagem começou a ser mais recorrente a cada dia, insistente nos momentos mais variados que apenas alguém comum pode ter: tomando banho, vendo televisão, almoçando, estudando, pendurando roupa no varal, lendo jornal, bebendo café, até mesmo caminhando. Basta!
O quê - e x a t a m e n t e - estava faltando para começar?
Será que quando a gente corre a gente para de esperar?
Se quem espera sempre alcança, alcança mais rápido quem chega correndo?
Não sei. Mas tenho para mim que as dúvidas da caminhada são muito mais angustiantes porque demoram mais. São muito mais lentas. E eu tenho pressa.
Não é possível que alguém seja fadado a esperar parado. Quero esperar correndo.
Decidi correr pra ver.
Comprei um par de tênis.

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