segunda-feira, 15 de novembro de 2010

A toalha de banquete

(Para o mais recente almoço em família: Leninha, Marcão, Ritinha, Reviane, Danilo e eu - 13/11/10)

Na sala de jantar tenho uma mesa de madeira rústica com dois metros e meio de comprimento e seis cadeiras. A depender da ocasião, banquinhos são improvisados e sempre cabemos todos na hora da refeição. Nessas ocasiões especiais, gosto de usar uma linda toalha branca, própria para banquetes.

Quando meus amigos chegam em casa, sempre há uns petiscos, uns aperitivos, uns brindes antes da hora do almoço. Travessinhas e cumbuquinhas são dispostas na mesa nua, contra o tampo rústico. Copos vão se enchendo, esvaziando e derramando durante os preparativos.

O fogão em pleno funcionamento, as conversas, as risadas, as novidades e chega a hora de pôr a mesa. Alguém sempre se oferece para ajudar. Então, é a vez da toalha branca aparecer.

A velha toalha adamascada tem manchas de todas as cores e formatos, mas é ela quem melhor "veste" a mesa. Não são simples manchas, são marcas das taças de vinho e dos copos de cerveja e de refrigerante, de tantos brindes nas ocasiões especiais. São marcas dos caldos suculentos e gordurosos ou de tantos lombos de porco, costelinhas, picanhas, enfim, carnes temperadas de véspera e tão macias que quando assadas ficam a ponto de desfiar e  despencar no ar, na hora de servir o prato. Marcas de um arroz tão soltinho que acaba voando da travessa. Marcas doces das sobremesas sempre presentes: compotas, doce de leite, bolos de chocolate, pudins com calda caramelada. Marcas de feijoada. Marcas de laranja, sempre formando uma montanha de cascas. Marcas de macarrão com o molho da "mamma" e frango assado de padaria. Marcas de gotas de vela derretida. Marcas de uso. Marcas de vida.

Gosto de ver minha toalha branquinha ganhando uma nova mancha. Gosto de falar: Não faz mal! Não tem problema! A toalha é só lavar, mas este momento é único!

Gosto de receber amigos e gosto de comemorar em família. Gosto da casa e da mesa cheia. Gosto da aflição de fazer tudo a tempo para agradar. Gosto de servir.

Mas gosto muito mais ainda de me sentir gostada, amada, realizada, de ver que o almoço foi um sucesso porque nele não faltaram os ingredientes principais: amor, amizade, alegria do reencontro, vontade de nos revermos, compromissos de fidelidade, não aquela... mas a outra, a simples, a fidelidade do olho no olho e sentir que é bom estarmos aqui e agora.

Uma casa bonita, uma mesa farta, uma toalha branquinha? Sim, são todos elementos importantes. Mas nada se compara ao valor dos amigos. Uma mesa cheia de amigos é o melhor presente que alguém pode ter. Por isso minha casa é sempre aberta, minha mesa é sempre cheia, assim como o meu coração.


4 comentários:

  1. Puxa, fiquei com vontade de conhecer essa toalha.
    Um dia...
    Bjs Marcia

    ResponderExcluir
  2. Assim como numa casa portuguesa deve haver pão e vinho sobre a mesa, em minha casa mineira a toalha estará sempre estendida! Venha sim!

    ResponderExcluir
  3. Apesar de nunca ter sentado a essa mesa, senti como se uma dessas manchas me pertencesse.... Obrigada por guardar no seu coração esse carinho por nós ..seus amigos.
    E pode ter ctz que o seu lugar está aqui dentro do meu bem guardadinho, como ficou todos esses anos....
    Bjsss, Mauê

    ResponderExcluir