quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O primeiro dia do ano

Quem é supersticioso sempre cumpre um ritual na passagem de ano. Há aqueles que vão para o litoral e fazem lindas oferendas a Iemanjá ou a seus orixás de devoção. O que se vê nas praias são flores, perfumes, presentes sendo enviados em barquinhos que deveriam chegar ao destino certo e agradar à rainha do mar.

Vestidos de branco, pulamos sete ondas, assistimos a várias queimas de fogos, acendemos velas nas areias e nos abraçamos. Fazemos promessas e pedidos. Mesmo sabendo que no dia seguinte toda a beleza estará transformada numa praia suja e impraticável: imprópria para o banho, seja ele de sol ou de mar. Mas formulamos desejos, mesmo assim.

Aqueles que não estão no litoral, também seguem suas tradições, seja na cor de roupa que vestem, no tipo de comida que comem, no tipo de rito que decidiram seguir. De igual modo fazem pedidos e formulam desejos.

Eu também já fiz tudo isso e mais: já comi doze uvas em doze badaladas; caroços de romã; lentilhas; evitei aves que ciscam para trás; usei roupas íntimas de diversas cores - consoante os meus desejos; pus galhinhos de arruda atrás da orelha; tomei banhos de ervas; coloquei dinheiro no bolso e, principalmente, já joguei as "nicas" no quintal; escrevi e rasguei meus projetos; deixei rezadeiras me benzerem; brindei com todos e com alegria; enfim, sorri, chorei; pedi, bradei, tudo pela simples e mística passagem de ano.

Há toda uma aura em torno desse dia. Há uma esperança bonita, sincera, quase verdadeira. Há uma disponibilidade para o novo, para a coragem, para o começar e para o recomeçar. Tem sido assim e vai continuar assim. Ouse um simples mortal desafiar essa ordem estabelecida!

Neste ano, precisamente nesta mudança de década, não foi diferente. Mesa posta, taças preparadas, fogos na varanda, boas-festas, roupa branca, alma límpida, familiares e amigos, sorrisos, sonhos, esperanças. E na minha frente o presente.

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