segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Valentine

Valentine queria pegar o telefone e ligar. Mas era tão difícil! Difícil expor-se para os que estão perto, difícil expor-se para os que estão longe. Ela se fazia sempre de forte, fazia-se mais valente do que era na verdade,
e por isso estava sempre à procura da felicidade nas pequenas coisas. Era, sim, nas pequenas e simples coisas que iria asserenar seu coração.

Até então, amor, dor e esperança havia sido a tríade dos sentimentos que guiavam a vida de Valentine. E para ela ainda era nova e incrível a descoberta de que não era preciso sofrer com a dor.

A dor de Valentine estava guardada, trancada a cadeado numa caixinha. Por isso se sentia segura. Bastava seguir em frente e abrir seus horizontes. Tudo o que seus olhos pudessem divisar seria seu. Daria seus passos para o futuro e deixaria a caixinha quieta, num canto escuro.

Agora, Valentine podia sentir o sol e a alegria das manhãs.

Podia sentir o amor de seus pais e de seus filhos.

Podia sentir o amor dos amigos.

Podia ter cada vez mais novos projetos e se dedicar a eles, enfim, ter seu sucesso e reconhecimento profissional. Valentine iria melhorar, iria progredir.

Podia viajar para paraísos naturais e ser feliz! Mesmo com a dor!

Bastava drenar, de vez em quando, esse sentimento que incomoda tanto quando ela se lembra de que ele existe. Depois de drenado, algumas lágrimas vertidas e o coração estraçalhado, esconde-se novamente a caixinha da dor num canto escuro.

Valentine pode, então, abrir novamente a janela de um dia ensolarado.

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